A avaliação da funcionalidade é o principal parâmetro para tomarmos nossas decisões clínicas, pois através dela podemos mensurar o grau de autonomia e independência. Sabemos que o envelhecimento é um processo complexo e heterogêneo, logo a idade cronológica diz muito pouco sobre quem é o nosso paciente. Envelhecer é muito mais que números e sofre influencia de genética, história, hábitos de vida, fatores externos.
A avaliação é baseada no questionamento para pacientes e seus familiares de como está a execução de funções do dia-a-dia.
Essa é a divisão dos níveis das atividades:
1- Atividades de vida diária avançadas: papel social, lazer, atividade produtiva (dirigir, viajar, trabalhar)
2- Atividades de vida diária instrumentais: adaptação ao meio (gerenciar dinheiro, medicamentos, atividades domésticas, usar telefone)
3- Atividades de vida diária básicas: autocuidado, higiene e mobilidade (tomar banho, trocar de roupa, usar o sanitário, se alimentar)
Para essa avaliação podemos utilizar escalas como de Katz (atividades básicas), Lawton (atividades instrumentais), índice de Pfeffer.
A partir do momento que o paciente começa a perder funções por qualquer motivo, dizemos que o idoso está evoluindo para risco de fragilização e gradualmente para fragilidade. Esse é um modelo do Professor Edgar Nunes de Moraes da Universidade Federal de Minas Gerais, mostrando que à medida em que o paciente perde sua independência há redução de vitalidade e aumento de fragilidade.
Pacientes da mesma idade, que realizam atividades avançadas comparados aos que precisam de ajudam para atividades básicas, são iguais apenas na idade. Mas a decisão de tratamentos, indicação de exames, alvo terapêutico será completamente diferente.
Em idosos frágeis devemos ter cautela para indicar tratamentos e intervenções que podem ser desproporcionais diante do momento de vida do paciente. Há maior risco de desfecho desfavorável, sem tempo de trazer um potencial benefício. Sempre considerar expectativa de vida e riscos relacionados a qualquer diagnóstico e tratamento.
Por outro lado, devemos evitar o subtratamento em paciente robustos. Pacientes que poderiam se beneficiar de uma intervenção deixam de receber apenas baseado em idade. Idade avançada por si só não contra indica nada!
Para determinar em que momento da vida o paciente está, definir metas e quais serão as prioridades do cuidado, agende uma consulta com um geriatra.